quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O nosso cavaleiro andante

As mentiras de Sarney

Fonte: Por Mauricio Lima, blog esquerda, direita e centro

Entre as tantas distorções e incorreções proferidas pelo senador José sarney em seu discurso de ontem, as piores, de longe, se referem ao seu desempenho na condução da economia brasileira. Investido da aura de paladino da moralidade, de grande estadista, Sarney mostrou por que alguns de seus livros são até elogiados pela crítica especializada. Foi como se o senador sumisse dali e desse lugar ao escritor de ficção. Em dado momento, tal qual Dom Quixote quando via seus moinhos, Sarney disse que o Plano Cruzado abriu caminho para o Plano Real. Em outro, afirmou que foi corajoso ao decretar a moratória da dívida brasileira.

Com todo o respeito, são duas mentiras deslavadas, tentativas absurdas de reescrever a história. O Plano Real, na verdade, foi bem-sucedido justamente porque não repetiu os erros de tantos outros planos econômicos que vieram antes e depois do Cruzado. Em sua estrutura, não havia congelamento de preços, tablitas e nem fórmulas mágicas. Compará-los é uma desonestidade, uma tentativa de ludibriar o ouvinte, fazendo-lhe crer que o Cruzado teve um papel preparatório na estabilidade da economia. Qualquer pessoa que tenha vivido esta época, qualquer velhinha de taubaté, sabe que isto não é verdade.

Em relação à moratória, o presidente do Senado conseguiu ser ainda mais fantasioso. Ele descreveu a decisão como um ato de coragem, uma bravura (que aliás ele nunca demonstrou em sua carreira política) de um presidente arrojado. Na verdade, a moratória é o ato que sintetiza toda a incompetência de sua administração. O país não só estava quebrado como, por causa de sua decisão estapafúrdia, teve seu acesso ao crédito negado por anos a fio. Foi um desastre absoluto.

Evidentemente, o nobre senador aplicou a mesma lógica de escritor de romances em seus argumentos para permanecer à frente do Senado. Os jornais de hoje, em especial O Estado de São Paulo, desmascararam com maestria suas explicações sobre atos secretos e outras impropriedades. Vale a leitura. O homem é bom de ficção.

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