quarta-feira, 17 de junho de 2009

Eu sabia....a culpa é do Pedro Simon

Senado 'reage' a Sarney com covardia corporativa

Submetidos a um discurso em que José Sarney não anunciou uma mísera providência prática, os senadores reagiram com heróica passividade.

Fonte: Blog do Josias

A maioria dos colegas que se pronunciou nas pegadas da fala de Sarney se permitiu dar um voto de confiança ao nada.

Ao dar crédito ao inacreditável, os senadores como que autorizaram a platéia a crer na crença de descrer.

De resto, quem acredita piamente no que não merece crédito se descredencia para piar depois.

Nada mais deletério do que a lamentação depois do fato.

Entre todos os que levaram os lábios ao microfone só Demóstenes Torres (DEM-GO) permitiu-se chamar a encrenca pelo nome correto.

“Temos problemas não só de vícios. Temos a prática clara de delitos aqui dentro [...]. Se há crimes, tem que ir para a cadeia quem cometeu os crimes”.

Demóstenes apontou o caminho das pedras: “O Ministério Público tem que ser chamado. A Polícia Federal tem que ser chamada”.

Mas mesmo Demóstenes soou condescendente ao se referir a Sarney. Deu-lhe um imerecido crédito de confiança:

“Vi com satisfação o discuso do presidente Sarney. Estou no aguardo das providênciais que vai tomar. Por quê?...”

“...Um homem com mais de 50 anos de vida pública, ex-presidente da República, só no Senado presidente três vezes, não pode compactuar com o erro, com o crime”.

Ora, Sarney não se limitou a coonestar os erros. Ajudou a criá-los. Beneficiou-se deles. Afastou Agaciel Maia por pressão, não por obrigação. Protege-o.

Sérgio Guerra, presidente do PSDB, também tratou Sarney como parte da solução, não do problema.

Disse que o Senado não está livre da “corrupção”. Ostenta uma estrutura inchada e inadequada. A certa altura, pronunciou a frase fatídica:

“Já falei sobre a crise com o presidente Sarney, que faz enorme esforço de superá-la”.

Afirmou também: “Não gosto de demissão de diretores. Eles não decidem nada sozinhos. Alguém decidiu com eles. Tem que ser punido também”.

Em seguida, o grãotucano se desdisse: “Mas não estou no capítulo da punição, do retorno ao passado. Estou preocupado com a construção de um Senado novo”.

Acrescentou: “Não dá para andar na rua e não poder dizer que é senador sem ser respeitado”.

Ora, como respeitar um Senado que deseja construir o novo sobre alicerces podres? Como olhar para o futuro sem punir o passado bandalho?

Aloizio Mercadante, líder do PT, falou do milagre –os 14 anos de Agaciel Maia— sem mencionar os santos –Sarney e Renan Calheiros, padrinhos do ex-diretor-geral.

Repisou uma proposta sensata: a imposição de um mandato para os superdiretores do Senado. Dois anos, renováveis por mais dois.

Dirigindo-se a Sarney, Arthur Virgílio, líder do PSDB, disse: “Não o julgarei pela nomeação de um neto”. Por que não?

Depois, concordou com Mercadante. Fustigou Agaciel Maia, um personagem incontornável. E tirou uma casquinha de Sarney. Coisa leve:

“No dia da sua eleição, quando admitiu que manteria o diretor-geral e o manteve, eu disse que não era adequado. E ficou provado que não havia condições de manter”.

Enxergou no discurso de Sarney uma certa anormalidade: “Não dá para entendermos como normal, que o presidente da Casa tenha de prestar contas”.

Mas viu no pronunciamento algo que a platéia talvez não tenha enxergado. Para Virgílio, Sarney “agiu de maneira presidencial”.

“Espero sinceramente que estejamos no caminho de encerrar a crise”.

Informou a Sarney que a bancada do PSDB apresentará um projeto fixando o mandato do diretor-geral. Sarney, que ouvia do plenário, aquiesceu: “Eu concordo”.

Numa evidência de que o PSDB é um aglomerado de amigos integralmente composto de inimigos, o tucano Papaleo Paes (AP) tratou de desdizer o seu “líder”.

Virgílio dissera: “Temos que colocar na cabeça que tem uma crise grave no Senado, que tem de ser enfrentada”.

Para o liderado Papaleo a crise não passa de invenção da imprensa: “Dizem que tem atos secretos. Por que denominaram assim?...”

“...Não existe nenhnum ato secreto. Pode haver falha técnica de funcionários. Todos esses cargos existem na Casa. As nomeações são corretas...”

“...Não há corrupção, malfeitoria de administradores. Eles falharam. Se alguém precisa ser punido. Que seja punido”.

Sarney tem responsabilidade? Claro que não. Trata-se de um “grande político, intelectual, homem que tem inteligência muito acima do normal”.

Pedro Simon, que em privado falava até da renúncia de Sarney, na tribuna apenas soprou: “A imprensa está cobrando...”

“...As manchetes batem no Sarney, na Mesa, atiram pedras. Não estou preoupado com isso hoje. Estou preocupado em mudar a imagem dessa Casa”.

O que fazer? Para Simon, basta que os atos da Mesa diretora passem a ser submetidos ao penário. Mas já não são? Sim, mas ninguém sabe o que está votando.

“O presidente Sarney diz que a culpa não é dele, é de todo o Senado. Eu digo: a culpa é minha. Os erros acontecem pela nossa ação ou pela nossa omissão. Eu sou coresponsável”.

Ficamos entendidos assim: Sarney não tem culpas a purgar. O responsável é Pedro Simon, um réu confesso! E todos os que, como ele, incorrem no pecado da omissão.

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